segunda-feira, 21 de março de 2011

Poetry Slam

"O que é um poetry slam? Em poucas palavras, é uma competição em que os participantes interpretam textos originais, da poesia ao hip-hop, passando pelos textos humorísticos, satíricos e de amor. Vale tudo, menos ultrapassar o limite de três minutos. Este género de expressão artística começou em Chicago, nos EUA, nos anos 80. Um dos nomes maiores é Saul Williams, protagonista do filme vencedor do Festival de Sundance em 1998, "Slam". O ano passado, o poeta, escritor e músico esteve em Portugal, no Festival Silêncio. Foi neste espaço que decorreram os dois primeiros slams nacionais, um em 2009 outro em 2010. Foi também neste último que os nossos protagonistas se conheceram.

Avancemos, então, para as apresentações. Ana Reis, de 29 anos, e o italiano Mick Mengucci, de 41, são os criadores do Poetry Slam Lisboa. Ambos já tinham participado em slams noutros países, ela em Barcelona, ele em Paris. "A poesia nunca me disse muito. Mas quando vi a intensidade do slam apeteceu-me fazer. Atraiu-me a possibilidade de transmitir uma mensagem, fazer vibrar as pessoas", explica Mick, um doutorado em engenharia, há 13 anos em Portugal, que agora se dedica à música. Ana, formada em animação e investigação cultural, ofereceu a experiência na organização de eventos e avançaram. "Não havia cá nada do género", conta. "É também uma forma diferente de sair à noite."




De 15 em 15 dias, seja na Culturbica, seja no café Belvedere, também na Bica, o slam acontece. Chegaram a ter apenas dois participantes. "Estava muito frio, é à quarta-feira... Fiquei muito deprimido, achei que não ia pegar. Mas depois começou a crescer", lembra o italiano. No último chegaram perto da dezena. A segunda parte da noite, o open-mic, em que qualquer um pode abordar o microfone (e o álcool já desinibiu os mais envergonhados), foi o momento alto.

Até agora, de estudantes a informáticos, o concorrente mais novo tinha 18 anos. Dos regulares, o mais velho tem 45. Mas já vieram performers mais seniores. "Queremos um evento intergeracional", explica Ana. O que é bom, anuncia Mike, é que "as pessoas saem de lá contentes porque aconteceu alguma coisa. Cria-se uma boa energia." De resto, e apesar de à primeira vista as duas coisas não terem nada a ver é, acrescenta Mick, "um pouco como o fado. Quando começa o slam, durante três minutos há silêncio".

As regras do jogo

Boas-vindas O anfitrião, MC, cozinheiro, como quiser chamar-lhe, abre as hostilidades. Explica as regras, apresenta os concorrentes, escolhe o júri de forma aleatória entre os membros do público. No Poetry Slam Lisboa, é Mick quem assume este papel.

Início das hostilidades Os participantes – podem inscrever-se pelo Facebook, por email ou no momento, sempre sem pagar – interpretam os primeiros textos originais. Têm de levar pelo menos três diferentes, para as três rondas. A ordem de entrada em cena é sorteada.

Proibido Ninguém pode levar textos que não sejam originais, ultrapassar os três minutos ao microfone, ir disfarçado ou com roupa "muito estrondosa", explica Mick. "Tens de ser tu."

Competição Depois de cada interpretação, o júri pontua com notas de zero a dez. Não tem de se justificar. Seguem-se as meias-finais e a final. O vencedor ganha uma garrafa de vinho. Os organizadores gostavam de subir a parada."


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