domingo, 26 de abril de 2009

Dia da Mulher


A Mulher e a literatura

Como em muitas outras manifestações artísticas, a mulher teve sempre um papel importante na literatura, enquanto personagem mas também como autora.

Atentemos nesta minha última assumpção: ao longo dos séculos, autoras femininas houve que se destacaram sobremaneira, na prosa e na poesia, no ensaio, no teatro, etc., tanto em Portugal como no resto do mundo.

Porém, nem sempre foi fácil para a mulher aceder a um mister considerado impróprio para o seu sexo. Houve casos, até, em que as mulheres tiveram de adoptar um nome masculino a fim de verem as suas obras publicadas, como aconteceu no século XIX com George Sand (1804-1876), de seu verdadeiro nome Aurore Lucie Dupin, e cuja relação amorosa com Chopin chocou uma sociedade puritana daquela época. Por cá, também a poetisa Florbela Espanca, (1894-1930) escandalizava os portugueses com a sua poesia de uma sensibilidade pagã, exaltação do amor e do sentimento, mas igualmente de uma lucidez de finitude do mesmo amor e sentimento “E desse que era meu já me não lembro…”. Florbela Espanca foi cursar direito em Lisboa em 1917, mas, a exemplo de outros países ditos democráticos, não lhe era reconhecido o direito a votar.

Esta luta pelo direito das mulheres ao voto reflecte-se na obra da escritora Maria Lamas, que viveu sob o regime de Salazar, apesar de este direito já haver sido conquistado no resto da Europa nas décadas vinte e trinta do século XX. Pese embora à custa de muito “sangue, suor e lágrimas” por parte de muitas mulheres.

Mais recentemente a mulher, livre de anteriores tabus e limitações resultantes da condição feminina, tem-se destacado na literatura e muitas são as autoras portuguesas cujo nome valeria a pena referir. Por via de falta de espaço, uma vez que a lista seria longa, e por ter frequentado este estabelecimento de ensino há não muito tempo, referirei apenas o nome de uma grande escritora: Lídia Jorge. Se me é permitido sugerir o nome dum livro de sua autoria, e não de muitos mais, igualmente por falta de espaço, sugiro “Combateremos a Sombra”.

Este livro versa um tema muito actual.

Qual? Descobri-lo-ão quando, e se, o lerem.

Gabriela Correia

Faro, 08 de Março de 2009